Encontros Científicos 14 a 16 de Maio (2012) - Colóquio «Experiências psicóticas, Religião e Espiritualidade»
Coordenadores
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Mônica Nunes (Instituto de Saúde Mental - NISAM, Universidade Federal da Baía). Psiquiatra e antropóloga
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Tiago Pires Marques (CERMES3 - Universidade de Paris Descartes/ CEHR - Universidade Católica Portuguesa). Historiador pós-doutorando
Aconselhamento científico
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Anne Lovell (Cermes3 - CNRS/Universidade de Paris Descartes)
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Maurice De Torrenté (Instituto de Saúde Mental - NISAM, Universidade Federal da Baía). Antropólogo
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Pierre-Henri Castel(Cermes3 - CNRS/Universidade de Paris Descartes)
Instituições organizadoras
Objetivos
A investigação recente na área da história e da antropologia da saúde mental têm aberto novas perspectivas sobre a relação entre experiências psicóticas, por um lado, e idiomas religiosos e espirituais, por outro. Estas pesquisas têm colocado em evidência a variedade em que esta relação se manifesta: a religião e a espiritualidade como recursos para a verbalização de experiências psicóticas; a sua utilização como forma de cura de si (auto-cura) através de processos de bricolage; o seu papel de legitimação para os pacientes e para o seu meio social envolvente enquanto experiências de alteridade; enfim, o seu potencial terapêutico, actualmente muito valorizado por um número crescente de profissionais da saúde mental, assim como a sua capacidade em promover a integração social dos pacientes. Devemos notar que estes estudos tendem a desenvolver visões construtivistas e pragmáticas da experiência religiosa e da espiritualidade, em contraste com o conceito de psicose, que emerge como elemento invariável. Neste sentido, eles manifestam uma orientação psiquiatrizante da experiência humana. É por isso importante confrontar estas abordagens com estudos ancorados em práticas psiquiátricas correntes, nomeadamente no campo da psiquiatria transcultural, que demonstrem interesse nas crenças religiosas e na espiritualidade dos pacientes.
Este colóquio pretende contribuir para a análise destes tópicos através de estudos de caso aprofundados e de investigação clínica e /ou baseada em trabalho de terreno em saúde mental. Os artigos devem centrar-se em experiências psicóticas relatadas ou observadas e discutir as formas através das quais os pacientes e/ou profissionais da saúde, da medicina institucionalizada ou popular, mobilizam idiomas religiosos e espirituais nas suas relações terapêuticas. O colóquio cobrirá uma diversidade significativa de contextos sociais, institucionais e culturais. Pretende-se assim compreender melhor as formas através das quais a cultura e as instituições sociais condicionam as experiências psicóticas individuais, e como criam dinâmicas de integração e de exclusão. Para além disso, ao convidar cientistas sociais e profissionais de saúde para cruzar perspectivas necessariamente diferentes, pretendemos questionar o pressuposto construtivista de um número significativo de abordagens recentes sobre a articulação da experiência religiosa e da espiritualidade com estados psicóticos. As conclusões serão tornadas acessíveis a um público alargado pela publicação dos artigos, em acta ou livro, como apreciação prévia por comité científico.
Programa
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